
28 de Junho de 2008
A ILUSÃO DA MINHA CULPA
Texto de apresentação do livro de Julieta Vieira
Estou muito grata à vida por estar hoje aqui para fazer a apresentação do segundo livro de Julieta Soveral, uma pessoa por quem tenho grande carinho, amizade e admiração.
Foi uma grande companheira – e é –, e em alguns sentidos uma iniciadora no percurso que comecei há cerca de 10 anos...
Admiro na Julieta a sua determinação e a sua persistência, o seu sentido de serviço, a sua fé e a sua grande dedicação à elevação da consciência, tanto pessoal como colectiva.
Aprendi e aprendo muito com ela e gosto muito de saber que ela mora na minha rua...
Então nós estamos todos aqui hoje em princípio porque é aqui, neste tipo de energia, que nos sentimos bem... sentimo-nos em casa aqui... Primeiro porque este é mesmo um espaço muito bonito e muito acolhedor, e depois porque este livro fala à nossa alma.
Apesar de todos os equívocos, violência e perturbações de toda a ordem do nosso tempo, este é também um momento em que cada vez mais pessoas desejam acima de tudo ter experiências da alma.
Desejam elevar-se, transcender as suas limitações e as suas dores, desejam a Unidade – consigo e com os outros. A Inclusividade.
É a sensação de estarmos sozinhos, separados uns dos outros e de nós mesmos que é o nosso principal factor de sofrimento.
Vivemos numa cultura da extroversão, onde a televisão é omnipresente e omnipotente, determinando a verdade do mundo, contaminando-o com vibrações muito negativas, roubando-nos a nossa vida que optamos tantas vezes por ver passar no ecrã, meio ou completamente hipnotizados, em vez de a vivermos realmente. Estaríamos de facto a fazer um grande bem, a nós e ao mundo, passando o mínimo de tempo possível diante dela.
Em vez disso, penso que é muito mais importante conseguir silêncio para ouvirmos a nossa voz interior, percebermos os nossos sentimentos, aquilo que nos incomoda, que nos aprisiona; assim como, evidentemente, aquilo que nos dá prazer e nos acrescenta alguma coisa. Para lermos livros, sábios e inspiradores...
O título desde livro, A ILUSÃO DA MINHA CULPA, não podia ser mais oportuno, já que – o que mais contribuirá para essa sensação de separação de nós e dos outros do que a culpa?
E no entanto, é minha convicção de que não há por que haver culpa. Porque isso que considerámos ser o pecado durante milénios mais não é do que ignorância e equívoco...
Não é verdade que eu estou sempre e só a fazer aquilo que no momento acho que é o melhor, dentro da consciência e do conhecimento que eu tenho na altura? Depois, mais tarde, quando aprendo mais qualquer coisa, quando a minha consciência se eleva, eu já não faço aquilo daquela maneira. Não é assim que acontece com todos nós?
Estão ficar-se retido na culpa dá-nos uma sensação de impotência, de pequenez; a sensação de que somos más pessoas porque sabíamos fazer bem e fizemos mal. E isso não é verdade. Sentir culpa é eu olhar para trás, com o conhecimento que eu já tenho no presente, e julgar os actos que pratiquei no passado quando ainda não tinha adquirido esse conhecimento, essa consciência. E então em vez de nos sentirmos livres para avançar para um nível mais elevado, ficamos presos, dilacerando-nos nessa armadilha da culpa – o que só representa um grande atraso e uma perda de energia...
Então isso da culpa é esse lastro, esse visco, essa gordura pegajosa, frequentemente objecto de exploração por tão bem servir ao controlo e à manipulação, de que no fundo todos somos vítimas e perpetradores, ao mesmo tempo, se disso não tivermos consciência.
Diz-se aqui também na capa que este é “um guia para a sincronicidade interior”. Sincronicidade é um conceito que foi desenvolvido pelo psicólogo alemão Carl Jung, no princípio do século passado, e que, resumindo, significa uma coincidência significativa.
Neste caso, trata-se de uma coincidência entre o texto que me surge quando abro o livro ao acaso e aquilo que estou a sentir ou a precisar de saber no momento.
(Já experimentei o livro e lembro-me de em duas ou três ocasiões seguidas me surgir a mesma mensagem... muito oportuna, por acaso).
Estas são mensagens vindas por certo de uma dimensão que nos transcende, ou daquilo que designamos como o nosso Eu Superior – a parte sábia de nós...
Não queria alongar-me sobre esta questão, que é a de saber de onde vêm as mensagens. Haverá por certo muito a aprender sobre isso. Mas o que interessa é que a mensagem faz eco em nós, ela constitui uma resposta, um incitamento e, sobretudo, o seu efeito é o de um grande apaziguamento...
São mensagens muito inspiradas e muito inspiradoras. Sobretudo muito sábias. Nelas se fala do poder da gratidão, do perdão, da importância de nos amarmos a nós mesmos, de libertarmos os outros e a nós próprios do julgamento e da crítica. São por vezes mensagens dirigidas a alguém, mas depois de as lermos, verificamos que encaixam lindamente em nós...
São no fundo mensagens que respondem às nossas maiores dúvidas e ansiedades – que na verdade nos são comuns a todos.
Finalmente são mensagens para todos aqueles que aceitam ser os TRABALHADORES DA LUZ de que o nosso mundo tanto precisa.
Nós sabemos que a Humanidade é um contínuo, que todos estamos ligados uns aos outros, que, no fundo, SOMOS TODOS UM. Então a nossa responsabilidade é grande, porque quando um número suficiente de nós - a chamada massa crítica – elevar a sua energia, ela elevar-se-á no geral e o mundo mudará de verdade.
(...)
Luíza Frazão
Biblioteca Municipal de Rio Maior, 28 de Junho 2008
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